Projeto
GRUNI-HÚ
na TV
Curiosidades Gerais.
A VILA DAS CORES é assim, um pequeno bairro colorido pelos seus moradores. Mas essas “cores” condensam muitas coisas que eles não sabem, uma energia toda especial. A família de Hugo reside lá há muito tempo; Hugo nasceu lá e Ana Paula chegou muito pequenina. E desde que chegaram, os Pompéia já sentiram o peso do vizinho da esquerda, o Seu Adamastor, que já ali começara a reclamar do barulho dos vizinhos, quando ainda estavam construindo sua casa. Desde então, o velho ranzinza já morava sozinho. Falam, inclusive, que assim sempre foi porque ele não suporta ninguém – ou ninguém o suporta, algo assim. O pequeno Hugo sempre apronta muito, fazendo barulho no quintal, o que sempre irritou o vizinho zangão. São coisas assim que fazem com que Ernesto e Luana tenha opiniões diferentes em diversos aspectos acerca da educação do filho; entre eles, televisão talvez seja o principal. Quanto à Ana Paula, Ernesto é desencanado, ao passo em que Luana detém muita preocupação. Entre coisas mais sérias, ela na quer ser chamada de “ultrapassada” pela filha. Medo de ficar velha, enh! Luana não trabalha fora, mas nem sempre está em casa; dentre suas invenções para ajudar no orçamento familiar, ela vende algumas coisas, o que a tira vez em quando de casa. Nesse meio tempo, muitas vezes Ana se aborrece, quando tem que ficar com o pequeno. E olha que, na verdade, Hugo não se importa nenhum pouco em ficar sozinho em casa, até diverte-se. Ernesto não esquenta, Ernesto não esquenta com nada. Vive evitando atritos com Luana, mas não consegue evitar defender o pequeno Hugo “das garras da mãe”.
Uma das maiores dores de cabeça de Luana é o namoro da filha com o jovem Lima, com quem Luana é quase sempre desconfiada. Isso porque teme que ele não seja o ideal para sua filha. O azar é só dela, porque o casal é indiscutivelmente apaixonado. Mas de onde Luana tirou essa desconfiança toda? Simples: o rapaz vive tentando uma vaga fixa no jornal onde trabalha como estagiário, assim como seu colega e melhor amigo, o Raul. Para isso, muitas vezes trabalha fora de hora por conta própria – inclusive nos finais de semana e feriados, quando na realidade, é dispensado do jornal. Isso tudo para conseguir grandes reportagens. Dado a isso, vive se atrasando para os encontros com a namorada, e por mais que tente explicar, se torna difícil. Mas não seria apenas dizer a verdade sempre? Talvez o fosse, caso ele não se metesse em confusões inacreditáveis em busca de matéria, o que torna, por muitas vezes, a verdade muito mais difícil de acreditar. Mas e aí? Luana não tem razão? Será? Bom, fica a critério de quem assiste, embora eu prefira dizer que ela não tem, me interessa ver esse casal de pombinhos juntos. Por quê? Simples: porque esse namorado nos renderá situações divertidíssimas, sem contar que eles se adoram. Mas ó! O Lima deve ser muito cuidadoso, pois Aninha é muito brava, além de ciumenta. Raul que o diga – já presenciou cada coisa... Mas e, esse amigo de todas as horas? Quem é ele, afinal. Bom, inicialmente, podemos dizer que ele é assunto para o próximo parágrafo.
Raul é uma pessoa tranqüila no tocante às preocupações comuns das pessoas. Se encanta com o mundo infantil – personagens, desenhos, livros, enfim... Eis aí boa parte da explicação de sua afinidade com o velho Berlok. Mas é interessante notar que é um ser extremamente respeitado por sua inteligência. O rapaz sabe dar assunto e, aos demais, sempre pareceu uma pessoa extremamente coerente. Tem uma grande preocupação com Lima, com quem mais convive no dia a dia. Amor? Sim, falam de alguém a quem ele tem, mas nunca se viu ou sabe-se quem é. Mas por mais de uma vez ele foi flagrado fazendo suas investidas em Marly, grande amiga da turma, amizade puxada por Ana Paula. Mas ela não parece lhe dar muita atenção. Vai saber, né? Mas a maior curiosidade a respeito de Raul não permite muitas observações, pois toma quase toda a atenção dos que o conhecem, principalmente a de Lima: vez e outra ele entra num estado neutro em relação ao que o cerca; espécie de transe, fica mudo, distante, olhar imóvel e, quando fala, são palavras diferentes, muitas vezes além do que se espera dele, ainda que puxadas pelo que ele mesmo começara. E é geral: todos percebem essas mudanças, que são sempre positivas. Falam em “retomada do subconsciente” ou coisas assim, mas ninguém sabe ao certo o que é; sabe-se apenas que ele fica assim. Lima o tem como um irmão é realmente o seu melhor amigo, mas não gosta de sua insistência em relação à Berlok. No entanto, na casa do velho bonequeiro, parece que Raul se interioriza ainda mais nesses momentos de “transe”, isso quando não se enturma com os brinquedos do “mago” Berlok. Lima? Não, Lima não presta muita atenção nessas coisas; na verdade, não gosta muito de ir à casa de Berlok e o acha um inventor de soluções impossíveis. É o Lima, esse é ele. Mas Raul sabe levar tudo isso muito bem e, é tão difícil imaginá-los separados o quanto é imaginar o mesmo com Ana e Lima.
Muitas vezes a gente acaba engolindo as coisas por simples tolerância. Em relação à rigidez do vizinho Adamastor não é exatamente assim. A família procura evitar confusão com ele por vários motivos, mas o principal é que ele tem certos “aliados”, ainda que contra a vontade dos próprios. Acontece que o velho ranzinza é um militar aposentado. Parece que foi sargento ou coronel, coisa assim, na época ajudou alguns garotos novatos na farda, o que lhe rendeu amizades extensas. Dado a essas circunstâncias, esses antigos garotos, hoje nomes importantes no quartel, acreditam-se numa dívida de terna gratidão com ele. Esses “antigos amigos” têm contatos com a polícia local, o que deixa Adamastor à vontade para “chamar a polícia” para os vizinhos para qualquer tipo de incômodo. Os policiais, evidentemente não gostam disso, assim como não gostam dele também, mas acabam cumprindo os caprichos do velho. Eles ironizam, riem, brincam, soltam indiretas, mas acabam indo, apenas para evitar problemas com os seus superiores, que não querem problemas com os militares do quartel. É verdade que na nossa turma não tem um “homem do mal”. Mas quando se tem um personagem chato assim, ranzinza, que só traz a “política correta” nas aparências, que joga lixo no chão, que trata mal a todos, que é desatencioso para com o próximo, que não suporta criança... Que conto ou lugar precisa de vilão?
Claro que, como em tudo há antítese (seria delas o mundo?), o universo dos nossos personagens também apresenta a sua (ou as suas). E se de um lado temos o velho Adamastor e o seu mau-humor eterno, do outro temos um personagem não menos intrigante, mas felizmente por outro lado; é claro que estou falando do artista solitário, do bonequeiro, do velho Berlok, também conhecido como “o amigo das crianças”. O nosso simpático trabalhador do bem também é aposentado, e não se sabe exatamente o que ele fazia – isso porque fez muitas coisas, não trabalhou décadas numa só coisa, como o nosso conhecido Adamastor. Uma coisa todos sabem: mexeu muito com arte, com produções, com invenções, enfim. Mas o ponto principal para nós é em quem ele se transformou. Sempre bem humorado e alegre, Berlok parece ter “a fórmula da felicidade”. Não importa a circunstância, mas sempre tem uma palavra positiva para os adultos que o procuram – na verdade, poucos. Para as crianças, sempre um brinquedo – educativo, claro – , uma brincadeira, uma mensagem legal de fraternidade, de Amor, de luz. Da mesma forma que se contam muitas histórias sobre Adamastor, confundindo realidade e boatos, o mesmo se dá com o velho Berlok, provavelmente pelos dois morarem sem ninguém, o que desperta certo ar de mistério para os nossos curiosos personagens. Porém, não se costuma falar mal do bonequeiro. Geralmente, quando não se fala bem, se é neutro com ele, ou diz que ele não tem o que fazer, não é esperto (pelo fato de saber fazer tão bem o que se propõe e não viver disso, não fazer fortuna). Mas há um dado curioso que gera certa interrogação na mente das pessoas – até mesmo das mais distantes dele: há quem diga que ele fala sozinho. Sozinho? Sei lá, dizem uns que com os brinquedos, dizem outros que sozinho, dizem outros que com fantasmas... A palavra dele, na verdade, é que tem como amigos gnomos, duendes, personagens infantis. O mais conhecido ou falado de todos eles é, sem dúvida, a sua fada madrinha, uma pequena garotinha que lhe aparece em trajes de fada, com asinhas, varinha mágica e tudo. Ele diz que trabalha em conjunto com ela e com as crianças. Mas o que as crianças fazem pra ele? Segundo, ele doam a energia necessária para magia que os seus brinquedos devem proporcionar. Uma pessoa muito próxima dele, e um tanto distante também, é alguém de quem ele fala bastante: Eufrásio, um ambulante que vende brinquedos de todo tipo, inclusive os de Berlok. Pelo que se fala, se alguém realmente ganha alguma coisa com isso é o próprio Eufrásio, pois Berlok não dá atenção a essas coisas. Mas segundo o bonequeiro, quem ganha mesmo é a criança que recebe o brinquedo. Berlok acredita no que chama de “grande poder dos pequenos”.
A casa do bonequeiro fica em seu pequeno sitio um pouco afastado da Vila das Cores. Uma região de muito verde, cheia de sítios, chácaras, estradas de terra... Dá-se o nome da localidade de Fonte Viva, por ser um ambiente mais natural que a cidade e a vila. Berlok chama o seu pequeno sitio de “Vale Encantado” e, sua casa é uma casa normal e pequena – na parte de cima. Porque embaixo, há um mesmo tanto ou mais, onde ele monta seu ateliê, cheio de brinquedos, baús, pinturas infantis, mesas de trabalho, estantes repletas de material para confeccionar bonecos e cenários, ao som de canções infantis também. Mas subindo a escadinha colorida, a sua casa também não é lá tão normal. Parece casa de personagem de gibi ou televisão: cada parede é de uma cor, a frente dela lembra a casa do Donald e, segundo observam à distância, os ângulos não são perfeitamente no esquadro. Berlok não costuma sair de casa, mas quando o faz é uma festa para os que o vêm. Seu carro é colorido e todo engraçado, modificado, difícil se especificar o modelo. As crianças correm atrás dele, alegres, os adultos sorriem curiosos. Ele? Sorri para todos. Para a Vila das Cores, por exemplo, quando vai é uma festa para os moradores, pois, passa de dois a três meses sem aparecer por lá. Quanto a um possível encontro, ainda que sem querer, entre ele e o velho Adamastor... Não me lembro de nenhum episódio que traga essa cena, também, é tão improvável! Ou não?